Há alturas em que ela sente a necessidade de ouvir música num tom que seja mais elevado que a sua voz, de tal maneira que, quando fala, não se oiça. Assim, conta segredos. Desabafa e conta histórias para quem quiser ouvir. Não são histórias de príncipes e princesas, cavalos e dragões, são histórias verdadeiras. Histórias de amores e desamores, de momentos de glória e outros de tédio e melancolia. Histórias verdadeiras são as histórias da sua vida.
A música é o seu maior trunfo para conseguir vencer na vida. A música conhece-a como ninguém, sabe de todos os seus segredos e, assim, sempre que ela canta não há uma única palavra que seja dita que não tenha um significado, uma pequena história. Todas as palavras são ricas, não só em significados, mas também em sentimentos; expressam desejos, ordens e valores; expressam a sensação do momento, o estado de espírito em que se está envolvido.
Ela ama as palavras. Respeita-as como pequenos grandes tesouros. E, sempre que a tristeza apertar, lá vai ela aumentar o som da aparelhagem e, assim, soltar tudo o que há em si. Remover a dor e, por conseguinte, substitui-la por uma sensação de bem-estar. Às vezes, ela quer esquecer tudo aquilo que a faz ficar presa ao passado. Às vezes, ela só se quer sentir livre: livre de amores, livre do medo... Livre de si e das suas histórias verdadeiras, mas sempre presa à música.
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