E foi no carro, numa penumbra tão próxima daquela onde se haviam encontrado, que Ângelo e Diana se beijaram, primeiro timidamente, depois com o fôlego de quem sente que encontrou a sua metade.
Chegando a casa Diana ganhou coragem e pediu-o para subir com a desculpa de lhe mostrar sua casa e para poderem conversar mais um pouco.
– O que será que está a pensar de mim? - Pensou ela no momento em que estavam a entrar em casa. Já era muito tarde e os empregados já se tinham ido deitar. Admirando todos os cantinhos da casa Ângelo elogia-a.
- Deixa-me dizer que tens uma linda casa! Desculpa ao meu atrevimento mas como consegues viver sozinha nesta casa?
Diana veio na sua direcção e trazia consigo dois cálices de vinho, olhou nos olhos, mostrou um sorriso e esticando o braço para lhe passar um cálice, disse – Sabes, eu não moro sozinha, vive comigo o Batista, o Baltazar, a Francisca e a Andreia.
Referia-se ao Mordomo Batista, e a família Lourenço, esta família passava serias crises financeiras, além disso encontravam-se desempregados, o senhor Baltazar fazia umas coisas aqui e ali e assim tentavam governar suas vidas com o pouco que tinham. Diana sabendo muito bom o que é passar dificuldades financeiras dedicou-se a ajudar a família Lourenço, dando casa e emprego. A Francisca e o Baltazar eram para ela uns segundos pais, Andreia filha única do casal para Diana era uma irmã mais nova, ajudava-a nos estudos, queria que Andreia se formasse para mais tarde puder ajudar os pais. Francisca tratava das lidas da casa e quando Andreia não estava na escola ajudava-a, já o senhor Baltazar tratava do jardim.
- Sim sei, já me tinhas dito…parou um pouco e num tom mais sério disse - Não me referia a esse tipo de companhia.
Diana ficou sem palavras. De tal forma que levanto o copo de vinho a boca bebeu até a ultima gota. Diana não estava habituada a beber e já não era a primeira bebida da noite, mas pensou que, se calhar era aquilo que precisava para ganhar coragem e contar o porque de não ter ainda um companheiro.
Perdeu a conta de quantos copos de vinho já tinha bebido, sentia-se cada vez mais tonta, até que disse a si mesma que tinha chegado o momento de tentar se envolver com alguém sem medo, já estava na altura de ultrapassar os fantasmas do passado. Deste modo aproximou-se do Ângelo, tirou-lhe o cálice de vinho e colocou numa mesa, e foi aí que tudo ficou muito escuro.
Acordou com uma terrível dor de cabeça. Ao abrir os olhos, viu-se muito aflita pensou “meu Deus bebi de mais! onde estará o Ângelo?” a luz da lua era suavemente filtrada pelas cortinas. Estava descalça, mas vestia ainda o vestido preto da véspera, levantou-se ainda tonta procurou pelo Ângelo, foi até a sala e eis que, Ângelo encontrava-se estendido no sofá, adormecido, parou a observá-lo, estava tão descontraído, a camisa estava um pouco desabituada, dava para ver seu peito, Diana Aproximou-se e sentou-se na beira do sofá. As suas mãos ganharam vida própria e tocou-lhe, primeiro, no cabelo aloirado, depois descendo até ao rosto, na linha das sobrancelhas, na curva do pescoço. Os lábios dele estavam ali tão perto e Ângelo parecia de tal forma adormecido que Diana não resistiu a beijá-lo suavemente, mas eis que Ângelo acorda e corresponde aquele beijo. Por fim, abriu os olhos e ficou em silêncio a olhar para Diana, que se deitava ao seu lado.
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